Sua relação com a moda pode ser bem mais consciente

Na última semana, mais uma vez, uma marca de fast fashion foi notícia por explorar a mão de obra na produção de suas peças. Quando uma atrocidade dessas vem à tona é comum as pessoas se chocarem, jurarem mentalmente que nunca mais comprarão nessas lojas, mas a promessa só dura até o lançamento da próxima coleção. E isso acontece por motivos variados, mas a verdade é que temos dificuldade em mudar hábitos tão enraizados e a vida corrida nos leva a seguirmos no piloto automático, fazendo sempre mais do mesmo. Mas esse tipo de notícia é uma oportunidade para colocarmos o pé no freio e repensarmos a nossa relação com o consumo na moda. Vamos compartilhar quatro dicas simples, que você pode começar a fazer a partir de agora.

1. Para e reflita. Preciso mesmo comprar isso? 

O primeiro passo da mudança é olhar para dentro. Você conhece seu estilo? O que te deixa feliz e traduz exatamente a mensagem que você quer passar? Estas perguntas não são papo de consultoras de imagem não. É fundamental se conhecer para entender o que funciona ou não para você e com isso fazer uma compra mais assertiva. Se o autoconhecimento está em dia, olhe agora para o que você já tem. Tire um tarde para analisar com carinho todas as peças de roupas, sapatos e acessórios que estão no seu guarda-roupa. Só quando a gente se conhece e sabe exatamente o que tem é que pode avaliar a real necessidade de uma nova compra.

Não caia na tentação de levar para casa uma peça que você não vai conseguir combinar com mais nada. Não seja impulsivo na hora da compra. Dica infalível: não leve nada na hora. Vá para casa e pense.

2. Cuide das suas roupas

As fast fashions contribuem para transformarmos as roupas, que deveriam ser produtos duráveis, em descartáveis. Seja pela qualidade duvidosa ou pelo preço baixo, nos desfazemos mais rápido das peças ou compramos por impulso e muitas vezes nem usamos.

O ideal é investir em boas peças e cuidar para que durem. E não hesite em acionar uma costureira para pequenos reparos. Faça bainha, pregue um botão, ajuste a cintura, transforme um vestido longo em um midi, leve à tinturaria. Dê vida nova às suas roupas! Fique atento também às instruções de lavagem. Nada de colocar na maquina peças sensíveis. Se você não tem tempo para lavar suas roupas com cuidado, opte por tecidos menos delicados. O mesmo vale na hora de passar. Quem aí já não se desfez de uma roupa porque ficou com marca de ferro?

3. Repense sua forma de consumir

A roupa mais sustentável é a que já existe! Ja parou para pensar nisso? Sendo assim, brechós, lojas de aluguel, sites de desapego, bazares e guarda-roupas coletivos são uma ótima saída.

4. Se for comprar, valorize marcas que investem em processos sustentáveis

Mas afinal, o que é moda sustentável? O termo tem sido amplamente divulgado (ótimo), mas temos que entender o que isso significa na prática. Para uma marca ser considerada sustentável ela precisa fechar um ciclo em toda a sua cadeia – desde a produção do tecido, passando pela confecção da peça e sua distribuição. Pegada de carbono, consumo de água, se utiliza ou não agrotóxico para o plantio da matéria prima, se usa componentes químicos para produzir tecidos sintéticos ou para o tingimento. Se é produção local, atemporal e slow. Se prima por um comércio justo e respeita a mão de obra. Tudo é considerado.

A maioria das marcas passa longe desses critérios, mas felizmente tem aumentado o número de iniciativas que já nascem com esse conceito no DNA. Informe-se! Hoje em dia é tão fácil ter acesso à qualquer informação. Que tal começar a pesquisar o que (ou quem) está por trás das roupas que você usa. Leia a etiqueta, veja onde ela foi produzida, entenda como funciona toda essa cadeia. Ter informação é uma ferramenta poderosa para ajudar na sua decisão de compra. E para mudar a realidade que citamos lá em cima, é com a gente mesmo!

*Texto publicado originalmente no blog do Fashion for Better.